sexta-feira, 24 de junho de 2011

O desequilibrio gera movimento

Sendo  a cultura dum povo o conjunto dos milhares de pequenas rotinas da vida quotidiana dos cidadãos desse povo, podemos considerar o tecido cultural como um meio estavel e equilibrado.
As noticias que aparecem nos grandes meios de comunicação dão conta de aspectos extremos, positivos ou negativos, frequentemente fora dos limites establecidos ou implictos, do mundo cultural.
Tais acontecimentos provocam, naturalmente, um grande desequilibrio, positivo ou negativo, no tecido cultural adjacente, uma especie de onda de choque que as pessoas atingidas vão sofrer e à qual vão reagir de modo a compensá-la num movimento tendente ao reéquilibrio do tecido cultural. Os meios de comunicação ao propagarem até muito mais longe essa onda de choque, muitas vezes ampliada pelo aparato sensacionalista, vai provocar no leitor ou no espectador um deséquilibrio semelhante ao anterior e um movimento cultural da mesma ordem procurando o reéquilibrio.  
Tudo isto para dizer que cada noticia que nos chega nos deséquilibra,  mais ou menos, e nos  obriga a um certo reposicionamento para reencontrar o nosso equilibrio cultural.
Qualquer noticia que nos chega altera, por pouco que seja, as nossas rotinas quotidianas.
A globalização galopante que nos atropela a cada instante tambem faz com que, cada vez com maior frequência, as noticias mais "importantes" nos cheguem de regiões longinquas levando-nos a tomar posições que não fazem sentido localmente e que podem até ser contrárias ao desenrolar estavel das rotinas diárias de cada um.
Dentro deste quadro é facil entender como podemos ser levados a descorar a nossa coerência local e nacional preocupados que andamos com as desgraças dos outros, sofrendo e plasmando, por uma especie de homeopatia inversa, os tormentos gregos entre outros.
A importancia das notícias é sempre muito relativa e corresponde grosso modo ao tamanho dos cabeçalhos e aos graus académicos dos comentadores e peritos cientificos ou financeiros que são arrastados para os estudios de televisão. Tambem estão cada vez mais sujeitas a sistemas de rating chamados indices de audiência, onde a relevancia da noticia não depende tanto do seu valor intrinseco mas á posteriori da contagem do numero de gente que a viu.
Este cenário permite arrasar a economia de paises inteiros como se viu recentemente no caso dos pepinos espanhois em que os nossos produtores tambem foram apanhados por tabela.
Em conclusão, a imagem que me fica, é que, o panorama que se avista atraves dos meios de comunicação pouco tem a ver com a nossa cultura, antes pelo contário, um mundo estranho alienigena e assustador.

2 comentários:

  1. mas o contrário seria a censura...eu prefiro a onda de choque ao paternalismo pseudo-protector numa informação cuidadosamente lapidada a dar-nos a ilusão de um falso paraíso...

    ResponderEliminar
  2. Minha cara Claudia, eu não tomo partido não advogo censura nenhuma mostro só os mecanismos da coisa.

    ResponderEliminar