Todas as noites ele acordava a meio da noite com uma
necessidade imperiosa de escrever. Tinha sempre á cabeceira um pequeno livro de
apontamentos e sempre que acordava escrevia
e pouco depois adormecia novamente.
Uma manhã foi encontrado sem vida na cama tranquilo como se
ainda dormisse.
Os familiares trataram das formalidades habituais,
papeladas, funerarias, e tudo o mais.
Depois foram procurar algum testamento que tivesse ficado feito,
mas só encontraram livrinhos de apontamentos, uma quantidade deles numa arca, e
um em cima da mesa de cabeceira. Todos os livros eram iguais, por fora e por
dentro, fora pretos capa de cartão rijo, por dentro tinham datas escritas á mão
e sublinhadas e por baixo, tambem á mão uma só palavra “acordei”. Pagina após pagina,
sempre o mesmo arranjo, a data, dia, mês e ano, sublinhada e por baixo a meio
da folha “ acordei”.
Era a coisa mais estupida deste mundo, e já seguia tudo para
um saco de lixo, mas por acaso alguem reparou na ultima pagina que tinha sido
escrita, tinha a data do dia anterior, dia, mês e ano, por baixo estava escrito
“ não acordei, morri”.
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