Comentario sem sal nem pimenta

Comentar é o que está a dar.

Comentar virou cultura, virou profissão, virou ambição, virou vicio, virou espetaculo.

Quem governa , seja em Portugal seja no mundo, em qualquer país, são os comenta-dores.

Sim comenta-dores... doi sempre a alguém.

Na realidade ninguém governa, o que acontece é que há uma oscilação pendular entre o governar e o desgovernar. Toda a gente governa e desgoverna oscilando duma coisa à outra com maior ou menor frequencia, com maior ou menor amplitude de movimento do pendulo. Sim ! Todos os governos funcionam assim, todas as oposições do mesmo modo, todos os partidos. É preciso garantir que no fim tudo se mantenha equilibrado ou seja que nada de significativo se altere, que nada se faça. O objectivo do jogo é que no fim dum governo sóbre alguma obra feita ou a ilusão da mesma ou alguma obra desfeita para a oposição ter programa para ganhar nas urnas.

O comentador bate sempre em alguém, diz muito mais mal do que está mal, dentro do seu criterio, dentro da sua agenda, e se diz bem de alguma coisa, dá nota positiva mas diz sempre que podia fazer mais e melhor.

Isto tudo soa a conversa muito abstrata mas objetivamente todos nós assistimos com mais ou menos gosto ou desgosto aos comentarios desportivos, aos comentarios policiais-criminais, aos comentarios mundanos, economicos, politicos, da má língua, do eixo-do-mal,

E

Do Presidente (quando está fora de serviço) da Republica.

Oscila permanentemente entre fora e dentro.

 

Comentario sem sal

O mundo vai evoluindo à nossa volta quer nós queiramos quer não, com a nossa participação activa ou com a nossa aceitação passiva, permissiva, submissa. De nada serve ignorarmos isto ou aquilo, ficarmos parados à espera que a coisa passe. Nem adianta aceitarmos tudo o que assedia só porque não estamos para nos chatear ou para gastar um centimo que seja, mais cedo ou mais tarde temos sempre que pagar e geralmente com juros.

Moral da historia, somos todos culpados do estado em que as coisas estão tanto pela negativa como pela positiva. O país que temos é a nossa cara. Podemos achar que é uma miseria se formos miseraveis, podemos nos queixar que nada funciona se não formos capazes de fazer seja o que for para perturbar o nosso conforto. Tambem podemos dizer que vivemos num paraíso se formos hipocritas, deshonestos, vigaristas, aldrabões ou ditadores.

Uma coisa é certa, se fizeres alguma coisa para participar na evolução dos tempos “Eles” ( o sistema ou seja lá quem for ou a inteligência artificial) vão te cair em cima porque infringiste alguma lei, passada presente ou futura. Se não fizeres nada um dia vais acordar esmagado por um buldozer ou qualquer outra coisa pior.

Este meu desabafo não serve absolutamente para mais nada do que realmente desabafar. O meu problema é que preciso de alguém com quem desabafar. Hoje em dia os amigos são todos digitais. Os que foram em tempos realmente amigos de carne e osso, de sorriso franco e de abraço caloroso também já passaram a digitalisados, estão todos, por vontade própria ou imprópria, arrastados na corrente impetuosa dos rios virtuais. No meio deles, por entre os milhões de likes e outros desgostos

o meu desabafo vai flutuar como uma jangada mal amanhada, mal improvisada mal sem propósito…

Se alguém se agarrar à jangada que seja pelo bem de todos os naufragados, de toda a humanidade.